na edição de hoje: dois livros, um filme, um vídeo emocionante e a melhor padaria do Rio! tudo isso em 5 minutos de leitura, tá? ah, e mais várias indicações “escondidas” no texto. a primeira está na imagem de abertura - e é de comida gostosa. pode clicar! e me agradecer depois.
outro dia, eu me peguei respondendo a uma zoação do meu irmão com essa frase-ameaça do título. eu tenho 34 anos. ele, 29. e nossa mãe, de 58, mora a quilômetros de distância de nós dois. acho que por isso tudo ele e eu rimos quando eu disse que, se ele não parasse de me zoar, ia recorrer ao tribunal mais usado por irmãos desde o início dos tempos: a mãe - uma entidade.
a complexidade de uma mãe é tamanha que muitos séculos de estudo não vão dar conta de desvendá-la. amar a mãe? odiar a mãe? romper com a mãe? ser pra sempre devotado a ela? tudo em todo lugar ao mesmo tempo? nem Freud explicou direito, né? não sou eu que vou cair nessa armadilha.
eu quero aproveitar esse episódio pessoal pra indicar um livro: Mesmo rio, de Elisama Santos. assim que eu terminei de proferir a ameaça contra meu irmão, me lembrei dessa família de mãe, pai e três filhos que “conheci” no mês passado. a narradora alterna pontos de vista da mesma história a cada capítulo. o eixo central é formado pela mãe, que está morrendo, e pelos filhos. o jornalista Pedro Rabello fez uma crítica que resume bem o que eu achei do livro. se você está em busca de algumas provocações, essa leitura é uma boa pedida.
agora, se você está em busca de um fenômeno, Barbie é uma boa pedida. eu sei que tem gente que ainda não assistiu ao filme e queria deixar aqui meu incentivo pra que você veja, se estiver nesse grupo. deixo também um convite pra quem já tiver visto me contar o que achou.
eu adorei! fui a um cinema de rua aqui perto de casa, num sábado ou domingo de folga, e caiu como uma luva. dei muitas gargalhadas e achei gostoso de ver, ainda mais na telona. tenho a impressão de que consegui me distanciar das controvérsias e curtir a história de uma boneca estereotipada que entra em crise existencial. há mil problematizações possíveis. muitas delas já foram feitas e estão a uma pesquisa no Google de distância, pros curiosos. de minha parte fica a sugestão: reduza as expectativas e vá curtir!
o roteiro de Barbie é ancorado, em parte, numa relação de mãe e filha. então, pra não dizer que não falei de pais nessa edição, volto à minha biblioteca particular. e trago dela um livro mexeu muito comigo. O que é meu, de José Henrique Bortoluci foi uma leitura extremamente agradável, que fluiu, como um bom papo. mas não foi fácil, não.
“Um dia, ao explicar a meu pai que eu estudava no doutorado a política em torno da arquitetura e da habitação popular, ele ordenou sem rodeios: ‘Fala pra eles que os pobres merece ter casas maiores’.” página 124
Bortoluci, sociólogo e professor, compartilha com extrema sensibilidade a história do pai, um caminhoneiro aposentado que rodou o Brasil todo - principalmente a região Norte - e que está diante da finitude da vida. o autor faz um retrato social do país, de hoje e de algumas décadas atrás. gostei muito da forma como ele conseguiu equilibrar as próprias reflexões e as declarações do pai, em pouco mais de 140 páginas. isso deu leveza ao livro, sem sacrificar a profundidade inevitável dos temas abordados.
“Projetar de forma abstrata nossos conceitos sobre grupos populares é um mecanismo de defesa contra sua inclusão real no debate político e em instituições culturais de elite. Em vez de silenciá-los com armas e censura, muitas vezes os calamos com ideias herméticas e instituições ensimesmadas que nos resguardam de um movimento de diálogo real. As exceções a esse padrão são raras, e em geral acontecem nos espaços que sujeitos provenientes desses grupos sociais conseguiram acessar a duras penas.” página 104.
inspiração da edição
a história que eu contei lá no começo do texto aconteceu no aniversário mais recente do meu pai. ele marcou um café da manhã num lugar que a gente ama (spoiler: conto aqui embaixo qual é), e chegou lá com dois potinhos cheios de pedaços de palha italiana, pra mim e pro meu irmão. foi um presente especial, que tinha muito açúcar e amor.
receita da nossa palha italiana: a base é o brigadeiro tradicional. além disso, você vai precisar de um pacote de biscoito maizena triturado na mão mesmo. faça seu brigadeiro e quando ele começar a engrossar, no ponto de comer de colher, é só colocar o biscoito, misturar bem e ser feliz!
como eu não posso distribuir doçuras reais por aqui ainda, vou entregar um equivalente digital:
esse vídeo é uma conversa da confeiteira Nanda Carneiro com o pai dela. a Nanda cozinha o doce favorito dele, torta de banana. tem muito açúcar e amor! leiam a legenda antes de assistir. e preparem o lenço.
um lugar para conhecer
a the slow bakery - ou só slow - é o meu lugar favorito no Rio de Janeiro. eu chego lá e chamo todo mundo pelo nome, dou abraços e beijos nos funcionários e sou tratada como alguém de casa. é uma delícia!
são três unidades: Botafogo, Jardim Botânico e Leblon. todas são muito aconchegantes, mas a minha favorita é a de Botafogo, que é onde fica a fábrica dos pães de fermentação natural que eles fabricam diariamente.
o café da manhã no balcão, com um bom livro de companhia é um programa imbatível. indico uma porção de iogurte com granola (ambos da casa), um pingado (café com leite e espuma de leite) e meio misto quente (com queijo canastra). pra finalizar tudo, qualquer docinho da vitrine.
obrigada pela companhia. volto daqui a 15 dias. quero saber quais são suas sugestões, impressões, críticas. elogios também serão bem-vindos! 😉
quer saber um pouco mais sobre mim e aproveitar outras dicas? tem lá em @vivi_dacosta ✨
Vivi, eu amei o filme Barbie! Ele fala, dentre outras coisas, de equilíbrio, que é o necessário para que relações (sejam elas quais forem) dêem certo.
Estou amando sua newsletter... Já te disse: você é uma excelente escritora... Deveria escrever um livro!❤️