na edição de hoje: uma padaria especial no East Village, um perfil para os apaixonados por estética e comida, a nova temporada de The Bear (sem spoilers!), uma playlist e uma autora brasileira pra você conhecer.
eu tenho uma mania que eu acho bem mesquinha, e até contraditória. mesmo assim, não abro mão dela com muita facilidade. 😬 se não fosse esquisita, não seria mania, né? bom, eu amo compartilhar descobertas interessantes, mas eu guardo AS MAIS LEGAIS pra mim. é, galera, verdade difícil de engolir, mas como nenhuma experiência é individual, aguardo o seu comentário dizendo que, “nossa, eu também faço isso”, hein!
calma! eu não sou um monstro e não guardo minhas indicações legais pra sempre, tá. eu só fico curtindo na minha por algum tempo antes de as revelar ao mundo. sei lá o que isso significa, só sei que sou assim. e, depois de três meses de paixão enlouquecida, tô pronta pra contar pro mundo (você) onde é vendido o melhor croissant de pistache de Nova York, onde você vai levar esporro se deixar a porta da frente aberta, e onde vai ser quase impossível encontrar lugar pra sentar de primeira (se der pra sentar). é, se fosse perfeito, não seria amor, né?



a librae foi criada por um casal e tudo nela é encantador, com uma pitada generosa de autenticidade. Dona e Andre definem o negócio deles como uma junção da hospitalidade bareinita, com a técnica dinamarquesa e a energia nova iorquina. eu “descobri” a padaria nesta indicação da nani rodrigues (sigam essa mulher!), em 2022. coloquei na lista de lugares que eu queria conhecer aqui, nas férias, mas acabou não rolando. o encontro veio agora, em 2024, no tempo que tinha que vir. e como foi adequado!
fiquei algumas semanas babando nas fotos até programar uma corrida que terminou estrategicamente perto do número 35 da Cooper Square (endereço radicalmente oposto ao da minha casa, só pra registro). comprei um flat white, meu tipo de café favorito, e um doce especial do dia que tinha entre os ingredientes maracujá, flor de laranjeira, baunilha e açafrão! meu interesse despertou imediatamente e minhas papilas gustativas foram lindamente recompensadas pela minha curiosidade.




e o espetáculo pros olhos? eu devorei o doce e cliquei cada canto daquele lugar tomada pelo encantamento que me arrebatou na hora em que eu entrei. a atmosfera levemente caótica - mas verdadeira - me deixou inebriada. e foram exatamente as contradições harmônicas e surpreendentes da librae que me conquistaram. na galeria acima, além do meu primeiro doce de lá, tem o cookie de chocolate, centeio, sal e tahini (!) e o croissant de pistache, que tem pétalas desidratadas de rosas - tudo ousado e muito gostoso!
esse pequeno lugar no East Village é, pra mim, arte e poesia em forma de pequeno negócio. eu gosto da sensação de estar lá comendo bem e vendo um sonho pulsar em cada aspecto que eu observo. fico à vontade pra romantizar a vida, o que torna tudo mais leve, lindo e divertido. é por saber que é tão precioso esse tipo de encontro, que eu guardo com carinho. depois de um tempo, desapego e compartilho, pra inspirar mesmo que seja de longe.








depois dessa ode, antes de qualquer coisa, ao ato de comer bem, eu sou obrigada a falar sobre a terceira temporada de The Bear, que já estreou aqui nos Estados Unidos. conforme prometi lá no começo, não darei nenhum spoiler. pode assistir ao trailer em paz, inclusive:
eu já confessei toda a minha paixão pela série aqui. e os novos episódios selaram esse relacionamento: eles mantêm a essência técnica que dá vigor à obra (a fotografia e o som do primeiro são espetaculares), e avançam nas histórias dos personagens, refinando as motivações de cada um. encontramos profissionais mais maduros - ou tentando se tornar -, pessoas cheias de marcas. em meio às poucas sutilezas e às deselegâncias escrachadas, estão as pontas soltas de todo tipo, daquelas fundamentais pra compor o que cada um é. paro por aqui e aviso: essa temporada estreia no Brasil no dia 17 de julho, no Disney+. faltam menos de duas semanas. programe-se porque cada segundo conta!
inspiração da edição
essa edição foi escrita praticamente toda embalada pela playlist abaixo, montada a partir da canção O que é o amor, de Arlindo Cruz, Fred Camacho e Maurição.
eu cheguei em casa, abri o aplicativo e fui direto dar play na rádio da música. eu gosto muito de usar o algoritmo das plataformas em algumas situações, especialmente, pra seleção musical. eu determino o clima que eu quero curtir a partir de uma canção específica, e quase nunca tenho sustos, só boas surpresas. com frequência, conheço novos artistas e redescubro músicas esquecidas. as rádios de músicas criadas pelo Spotify são dinâmicas e se feitas a partir dos seus gostos pessoais, além de serem atualizadas com regularidade. recomendo muitíssimo o uso dessa ferramenta. e, claro, a playlist romântica acima. de nada.
uma autora para conhecer
encerrando essa edição, que virou de cabeça pra baixo, uma última confidência e uma sugestão literária imperdível.
durante as férias no Rio, no mês passado, eu fui umas 235 vezes a várias livrarias. numa dessas visitas, falei com um amigo que queria comprar livros de autores brasileiros pra ter repertório de indicações atualizadas pra compartilhar com as pessoas que eu ainda vou conhecer aqui em Nova York. é claro que eu falei isso pra ele com mais deboche - e tom de delírio - do que eu tenho coragem de deixar por escrito aqui.
o fato é que eu falava sério e escolhi três títulos pra trazer comigo na mala. o primeiro que eu peguei pra ler me ganhou de cara e eu terminei nas duas tardes do fim de semana de folga: Virgínia mordida, de Jeovanna Vieira.
“Foi essa mulher que compartilhou comigo um alerta. Coisa que aprendeu em mesa de compositor. Me disse para levantar de qualquer roda se um samba saísse atravessado. (…) Não se associe com gente à toa. Levanta dessa mesa, Virgínia, isso não é enredo pra você.”
Virgínia é uma mulher adulta, criada numa família aquilombada, amiga de mulheres interessantes e parceiras. ela tem uma carreira profissional estável, mas a vida amorosa é o contrário disso. e piora muito quando ela conhece o argentino Henrí.
o livro é o romance de estreia da autora e invade o leitor com capítulos curtos e secos. são vários golpes seguidos, e você não vai ter tempo de entender de onde eles estão vindo, mas vai assimilá-los, pode ter certeza. a escrita de Jeovanna Vieira é atraente e primorosa, mas não é moleza, não.
gostei muito das referências das culturas carioca e paulista que permeiam o texto. e fiquei angustiada com a forma como a narrativa representa tão bem a ausência de voz da personagem principal, presa numa relação de violência psicológica. por vezes, deu vontade de jogar o livro longe e obrigar Vírgina a reagir. para o Nexo, a autora compartilhou 5 romances de formação que a marcaram. já anotei todos aqui pra comprar nas próximas férias, ler, e compartilhar por aí…
obrigada pela companhia. enquanto a próxima edição não chega, nós podemos conversar lá em @vivi_dacosta. é onde eu compartilho mais sobre as minhas inspirações, a vida e as oportunidades que eu observo por aí. aguardo suas opiniões e sugestões.
padarias me ganham muito… ❤️
Amei, Vivi!! A dica do Spotify vou testar e estava justamente pesquisando sobre romance de formação. 🥳