na edição de hoje: meu roteiro de NY, uma série, um livro e um podcast.
já que é pra comemorar, vou começar entregando um presente pra você que me acompanha aqui: a primeiríssima versão do meu mapa de NY para iniciantes. muita gente me pediu dicas nos últimos meses e eu adoro um mapa, então, sim, uni o útil ao agradável.
o nome da lista dá uma pista do critério que eu usei pra montá-la: os clássicos e os achados. escolhi dicas ecléticas, que empolguem aqueles que não conhecem Nova York e que instiguem quem já veio. misturei tudo e estabeleci um compromisso comigo mesma - e agora com você: nunca ter mais de 100 marcações no mapa.
essa é uma obra viva, que será constantemente modificada. assim como é Nova York. sempre há novas versões da cidade pra conhecer. eu selecionei itens do roteiro clássico que eu fiz quando visitei NY pela primeira vez, em 2014; as melhores descobertas da segunda visita, em 2022; e, claro, tudo o que tenho conhecido - e gostado - desde que me mudei pra cá.
pra dar um toque especial, escrevi breves comentários onde achava que cabia um pitaco mais detalhado. inclui pontos turísticos tradicionais, como a Times Square e a Estátua da Liberdade, porque acho que é legal pra quem quer ter uma noção de onde esses lugares ficam geograficamente. e meus restaurantes favoritos também estão lá, claro. tem sugestão de passeio, tem muitos cafés, tem livrarias, tem parques, tem brechó, tem observatórios, tem museus, não tem loja, que eu me lembre, mas tem lugar de night.
faltam 20 marcações pra chegar às 100. sugiro aos interessados que deem uma olhada e salvem o que acharem legal porque depois que a lista ficar completa, ela vai começar a girar. aproveite!



eu publiquei a primeira edição de vai sem tempo mesmo no dia 2 de agosto de 2023. sem muitos planos, num rompante, dei espaço pro meu desejo: o de compartilhar meus interesses com as pessoas. um ano depois, num dos períodos mais movimentados da minha vida, me enche de orgulho conseguir manter ativo esse projeto e poder celebrá-lo.
eu não tenho cumprido a periodicidade de publicação que gostaria, mas as trocas que tenho aqui são fontes constantes de motivação. fico feliz quando vejo, ouço ou leio algo legal e penso que tenho com quem dividir. adoro esperar pelos comentários novos. muitas foram as vezes em que eu compartilhei uma ideia e ela se transformou em algo além, graças a você que me lê. obrigada por dedicar seu tempo e atenção a essa leitura. esse foi um presente imensurável no último ano.
antes de escrever o texto de hoje, eu reli a primeira edição publicada e foi interessante perceber as mudanças que aconteceram nesses 365 dias na minha vida, na de quem me cerca e no mundo!
eu sou jornalista há quase 15 anos. sempre trabalhei reportando as notícias do dia a dia. atuei em diferentes funções e veículos. cobri os fatos do Rio de Janeiro, de outros estados do Brasil e de outros países. eu acompanhei e contei pra sociedade muitos eventos históricos. e muitas trivialidades, ainda bem. 🙏
hoje, como chefe de redação do escritório da Globo de Nova York, o mundo dita o ritmo do meu trabalho. e o quanto ele muda - o tempo todo - tem impacto direto na minha vida. um dos efeitos colaterais de ser jornalista é esse: ver sua própria linha do tempo misturada às notícias que você reporta e aos acontecimentos de interesse público.
é impossível fazer um recorte pessoal qualquer e não associar a uma notícia sequer. quando eu pensar nesse texto aqui, por exemplo, vou me lembrar que ele foi escrito nas brechas. no último mês, teve atentado contra ex-presidente americano, preparativo pra convenção política mais surpreendente em muitas décadas, eleição controversa na Venezuela, bombardeios no Oriente Médio, medalha inédita pro Brasil na ginástica…
muito mudou, mas as coisas não deixam de estar um pouco iguais. como ensinou O Rei Leão, é o ciclo vida. e em meio a esse turbilhão de trabalho, eu quase não percebi que a newsletter ia fazer um ano. mas eu vi! às vezes, parece que a gente é rebocado pelos acontecimentos e demora pra assimilar a vida acontecendo. mas ela segue, faceira, se apresentando pra gente de muitas formas diferentes e esperando nossa atenção e nossas reações.
inspirações da edição
pra compensar a tensão mundial, eu tentei buscar nesses últimas 30 dias alguns estímulos diferentes do que eu vinha consumindo até então. e meu cérebro adorou as novidades! maratonei uma série num fim de semana, devorei um livro em poucos dias e me encantei por um podcast que tava há tempos na fila de indicações e finalmente saiu de lá.
Acima de qualquer suspeita, da Apple TV, definitivamente, não é pra relaxar, mas me fisgou e deixou hipnotizada de um jeito que eu não ficava há muito tempo. é um suspense policial muito bem roteirizado e produzido. vou poupá-los aqui de uma crítica mais intelectualizada porque, embora seja possível fazer algumas reflexões sobre a natureza humana a partir da história, o mais legal mesmo é tentar descobrir “quem matou”.
Jake Gyllenhaal é Rusty Sabich, um promotor da cidade de Chicago que assume o inquérito do assassinato violento da colega de trabalho Carolyn Polhemus. detalhe 1: eles tinham um caso. detalhe 2: ele é casado e a esposa sabia do caso. esses detalhes estão no trailer e logo no primeiro episódio, não são pontos fundamentais da narrativa, só temperos pra deixar tudo mais interessante. se eu puder dar uma dica é: arrume um amigo pra ver a série ao mesmo tempo que você e, assim, ter com quem trocar apostas sobre o final. Manu, obrigada pela companhia nessa! ❤️
eu queria ler Elvira Vigna há anos, desde que esbarrei em Como se estivéssemos em palimpsesto de putas. achei o título curiosíssimo e pensei: um dia! na época, li sobre a obra, a última publicada pela autora em vida, e sobre ela. Elvira era carioca, jornalista, escritora, tradutora, ilustradora. ganhou vários prêmios. e calhou de finalmente nos conhecermos pelas palavras dela nesse mês. comprei Coisas que os homens não entendem depois de ler isso daqui:
“Com apenas três blusas na mala, Nita está de volta ao Brasil. Não sabe se por 15 dias ou para sempre. Enquanto caminha pelo Rio de Janeiro, relembra e procura esquecer o que houve naquele dia, pouco antes da partida para Nova York”.
era minha primeira viagem de férias ao Brasil, depois de me mudar pra Nova York. se isso não era um letreiro luminoso dizendo “COMPRE”, não sei o que era. também adorei o título - um forte da autora! - e a capa. além disso, vi um charme no fato de o livro ser de 2002 e de ter encontrado o exemplar da livraria com marcas amareladas do tempo. era novo, mas parecia que já tinha vivido muito.
fiquei vidrada na história. trata-se de um suspense policial que tem uma mistura de “quem matou?” com “quem morreu?”. a transborda filosofia humana pelas ladeiras de Santa Teresa, o bairro do Rio, que é cenário e personagem fundamental. Nita é uma fotojornalista que fugiu pra Nova York pra descobrir que a distância geográfica não afasta certos fantasmas. ela, então, volta pra confrontá-los.
“Então, depois de ter ido para Nova York e ficado, eu achei que era para voltar e talvez ficar, acabar esta viagem que eu achei que era de ida, mas que talvez tenha sido de volta, eu lá, em Nova York, morando com Eva, tentando achar, lá, um começo, um ponto de partida, que sempre esteve aqui.”
a escrita de Elvira Vigna é daquelas que você vai degustando e sabe que tem algo muito raro e especial em mãos. é rica, mas também simples, gostosa de apreciar. é um livrão de 159 páginas, uma história trivial e complexa, como é a vida, afinal.
eu conheci o Fernando Augusto Pacheco no episódio 20 do salvei, um dos meus podcasts favoritos da vida. adorei a participação dele, as dicas, o astral, tudo. o Fernando trabalha na Monocle, uma revista incrível criada em 2007, que eu entendo como um grande projeto de comunicação. eles são uma editora, promovem eventos e têm uma rádio, de onde sai o The Stack, podcast apresentado pelo Fernando. a Nastacha, da , já tinha indicado várias vezes e eu finalmente ouvi o episódio acima na semana passada. era tudo o que eu precisava: um pé no jornalismo, mas com uma condução gostosa de papo de conhecidos. já tô maratonando! ah, o Fernando é brasileiro, mas ele apresenta o podcast em inglês.
obrigada pela companhia. enquanto a próxima edição não chega, nós podemos conversar lá em @vivi_dacosta. é onde eu compartilho mais sobre as minhas inspirações, a vida e as oportunidades que eu observo por aí. aguardo suas opiniões e sugestões.
Vivi! Como palavrear as sensações que seu trabalho tem me causado? Como medir o impacto? Vamos lá. Ler vc mensalmente (eu tô achando ótimo ser assim quase 1 por mês pq dá tempo de ler com calma e pegar dicas sem a pressa do mundo), tem sido um momento de pausa para inspiração. Para conversar com uma amiga de quando eu tinha 11 anos e depois nunca mais vi. Mas que ficou ali. Então parece que a Helena de 11 anos fica viva toda vez que o vai sem tempo chega na caixa postal. E ela tem adorado receber e ser nutrida pela sabedoria de Vivi, que parece ter carregado consigo sempre a vontade de aprender. A menina dedicada aos estudos hoje estuda mapas e oferece pro mundo. Eh generoso da sua parte! Tô assistindo The Morning Show e sua descrição dessa edição me fez perceber que vc deve ser uma daquelas personagens da série. Talvez a Mia que está no backoffice mas eh quem faz tudo acontecer lindamente com sua excelência. Continue. Algo por aqui tá sendo curado a cada dica que vc entrega pro mundo. Não sei dizer bem. Como se eu pudesse voltar a sonhar através de seus voos!
Parabéns por um ano de Newsletter e por manter o compromisso com seus leitores! Como disse uma podcaster (acho que a Lela Brandão) em um dos muitos episódios: "a vida acontece no movimento"... e é exatamente o que você escreveu, com outras palavras! Já li dois dos livros que vc me presenteou (falta coragem pra continuar o Ano do Pensamento Mágico - ele retrata muita tristeza. Será que termina bem? Por favor, não dê spoiler! rsrsrs). "Por favor, Cuide da Mamãe" é um pouco melancólico sim, porque também fala de perdas, mas de uma perda sem um fechamento (o que é pior... a incerteza do talvez)...deixando nos personagens muita dor por tudo que poderia ter sido...de alguém que não foi visto e acolhido como merecia... do quanto podemos ser egoístas qd se trata do outro... mas é uma narrativa muito bonita e rica... e, aos nossos olhos ocidentais, nos faz pensar que deveríamos ser a nossa melhor versão para quem amamos, pois, como escreveu Didion, "a vida muda em instantes"...e o pior sentimento que um ser humano pode carregar consigo é o arrependimento, por coisas que não fez, por palavras ditas ou não ditas...enfim... Eu, pelo menos, sou grata, porque esse fantasma não me assombra! Então, foi gostoso ler esse livro e pensar na minha própria mãe, na relação que tivemos e no amor e cuidado que tínhamos uma pela outra! Apesar de termos nossos embates também...rsrs "Escute as Feras" é um livro denso... me pareceu tratar de fuga...de buscar em outro lugar uma versão nossa que não conhecemos ou que não queremos encarar... talvez precise de uma segunda leitura... Enfim...
A vida tá acontecendo, Vivi... Aproveite ao máximo cada instante!
Um beijo!