na edição de hoje: duas séries, um canal de youtube, um artista visual e um museu dentro da floresta no Rio.
existem mil e uma técnicas de comunicação que ajudam a manter você que tá aí, do outro lado, atento a esse texto, aqui desse lado. ou a um vídeo, a um podcast, a qualquer que seja o conteúdo em questão. mas o que mais me fascina na comunicação é quando algo aparentemente despretensioso numa mensagem acaba sendo o que conecta os dois lados. e eu digo aparentemente porque eu sei que sempre há uma intenção, mesmo que ela não seja explícita.
eu, por exemplo, compartilho aqui dicas e sugestões levando em consideração, num primeiro momento, bons critérios técnicos. mas a verdade é que o maior peso das recomendações é o da minha experiência. é esse o fator que tem me conectado às pessoas que leem a newsletter (obrigada!), e foi ele que me fez refletir sobre como, na imensa maioria das vezes, não é o que está sendo recomendado que me conquista, mas quem recomenda.
duas semanas atrás, eu ouvi a Paula Jacob indicar no podcast da
a série A nova vida de Toby (Fleishman is in trouble), no Star+, e me apaixonei pela descrição que ela fez. eu já tinha ouvido falar sobre a série, já tinha até passado por ela no aplicativo da plataforma, mas foi aquela indicação e o comentário de um colega de trabalho que eu admiro (“A melhor coisa que eu vi nesse ano!”) que me fizeram finalmente ver do que se tratava. e valeu a pena!Ela entendeu que não era a falta de dinheiro e de proximidade que a tornava uma estranha. A falta de proximidade e de dinheiro criou nela um desespero estranho. Ela entendeu que a sofisticação é uma linguagem. Ou você nasce falando ou sempre fala com sotaque.
o trecho acima é de um momento duro da série, em que a gente percebe que uma das personagens principais faz muito esforço pra caber numa realidade que supostamente não é a dela, e que todo o sacrifício não é suficiente. a Rachel tá na faixa dos 40 anos, é mãe de dois filhos, recém-separada. e busca validação social de um jeito tão obcecado que acaba afetando outras áreas da vida.
a série é basicamente sobre esse divórcio e as marcas que ele vai deixando pelo caminho. são oito episódios de, mais ou menos, 50 minutos. a história é baseada num livro que eu não li, mas mesmo assim, terminei achando que tinha sido bem adaptada. quando acabei de ver, pesquisei e descobri que a autora, Taffy Brodesser-Akner, é também a roteirista da série, e isso deu sentido à minha sensação de boa adaptação.
eu gostei muito da forma como os personagens têm dramas críveis, mesmo eles vivendo uma realidade bem diferente da minha. foi interessante pensar: é, essa “pessoa” não tem nada a ver comigo, mas eu consigo entender a dor dela. vou deixar o trailer aqui, pra você conhecer outros personagens e um pouco mais sobre a série:
eu adoro fazer coisas sozinha.
eu cresci acostumada assim. e é interessante ver essa minha característica atual com o distanciamento do tempo, porque eu também cresci numa casa fisicamente bem pequena. então, parece contraditório concluir que esse hábito se formou na minha infância, quando foram bem poucas as vezes em que eu estive totalmente só. mas, assistindo a um episódio da segunda temporada de O Urso (The Bear), disponível no Star+, eu percebi que esse conceito é muito mais abstrato do que físico.
é noite de Natal pra família Berzatto. em pouco mais de uma hora, nós acompanhamos o caos coletivo dos preparativos pra ceia e os universos particulares de cada um daqueles personagens. e foi aí que eu me identifiquei: na construção de um espaço próprio, que é muito influenciado pelo exterior, mas que tem autonomia pra existir sozinho.
eu fui a menininha dos porquês no prédio em que a gente morava. amava fazer perguntas aleatórias sobre tudo, ouvir histórias e explicações. e mesmo que fisicamente eu nunca estivesse tão sozinha, internamente, fui construindo uma forma particular de enxergar o mundo, o meu jeito de curtir e aproveitar experiências, lugares e pessoas. foi curioso me dar conta disso assistindo a uma história de ficção.
um pouco por isso, e por outros muitos motivos, The Bear é a minha série favorita atualmente. eu tenho muitas análises sobre todos os aspectos: fotografia, montagem, trilha sonora, roteiro, atuações, elenco… e eu amo tanto a série porque ela é sobre gente, sobre como as nossas relações nos influenciam e moldam, de forma afetiva, amorosa, familiar, profissional.
no vídeo acima, a Isabela Boscov, uma das críticas de TV e cinema mais importantes do país, analisa a primeira temporada. vale muito a pena ver, sabendo que há uma ou outra informação mais detalhada sobre a história, e seguir o canal dela.
a sinopse resumida é: Carmy é um jovem chef de cozinha celebrado nos Estados Unidos, que herda do irmão um restaurante caindo aos pedaços, em Chicago. ele decide fazer a herança dar certo, mas tem muitas questões práticas e emocionais pra resolver paralelamente. e é viciante acompanhar o processo todo.
essa aqui é a minha cena favorita da segunda temporada. não tem spoiler!
inspiração da edição
a imagem de abertura de hoje é uma criação do jovem artista visual, crítico e curador Emerson Rocha. eu ganhei um quadro com essa obra de presente de aniversário e fiquei encantada. tenham amigos que conhecem seu gosto! 💜
Emerson nasceu em São Paulo e o trabalho dele é focado na exaltação das vivências, experiências e estética do povo preto no Brasil. recomendo muitíssimo que sigam o perfil dele no instagram, o @de.saturno, e que olhem com atenção as criações e as legendas. ele compartilha fontes ricas de inspiração e escreve muito bem, é uma experiência completa.
aquele quadro do começo foi inspirado num registro lindo do projeto “Loiro Pivete: da margem ao centro”, da fotógrafa Ana Lee Sales. dá pra baixar o fotolivro de graça aqui. aproveite!
um lugar para conhecer
hoje vou dar uma pausa nas indicações culinárias, mas fiquem tranquilos que tem muita coisa guardada aqui pras próximas edições.
o que eu quero recomendar nessa edição é uma visita perfeita pra um fim de semana ou pra um dia de folga/férias durante a semana: o Museu do Açude. fica no Alto na Boa Vista, no meio da Floresta da Tijuca. o acesso é muito simples, pode seguir o GPS que dá certo. o lugar é maravilhoso!
no terreno, tem um casarão no início do século XX, onde ficam as exposições permanentes, além de obras de arte ao ar livre e muito espaço pro visitante explorar - e fotografar. a conservação poderia ser melhor, mas não deixe de ir por causa disso. o museu funciona de domingo a segunda, das 11h às 17h. o jardim abre mais cedo, às 9h. às quintas, a entrada é gratuita. nos outros dias, R$ 8. leve dinheiro porque não aceita cartão e o sinal de internet é instável pra fazer pix.
obrigada pela companhia e pela troca que temos tido aqui. a próxima edição sai em 15 dias. até lá, aguardo suas sugestões, impressões, críticas. e, como sempre, elogios também serão bem-vindos! 😉
quer saber um pouco mais sobre mim? tem lá em @vivi_dacosta ✨
Ameiii a dica do museu, não conheço! Vou guardar pra irmos juntas qndo eu esriver ai♡
Perfeito!